domingo, 12 de dezembro de 2010

...

Uma prosa tropical,

aqui não se proclama.

Um marca desigual,

Três parágrafos de chama.

Uma linha-mestra

Onde não-linha nenhuma,

seja a mais incorreta.

Linha, sim, alguma.

Uma harpa cheia,

aumentada em dez vezes,

um lugar nos meses,

as várias certezas.

Mas ouço. E, ao ouvir, distraio

O barulho dos fogos

(ou cardume de raios?)

Não, verão, estamos mortos.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

bravo século novo

seria antropológico se não fosse trágico, mas viver nos nossos tempos, e espaços, e não sentir que estão duvidando veementemente de sua capacidade mental é pedir financiamento para a santa sé em busca de compreensão samaritana. muitos dirão que são os tempos, a inevitável marcha dos gostos, a vontade soberana do indivíduo, as iniciativas pessoais e etc. mas eu vou chamar de pála. é isso que são os nossos anos 10 do nosso benfazejo século XXI. a década da pála. me desculpe se você que lê está contido em um desses conjuntos mas é isso. amigo, tu tá dando pála.

de alguma forma, todos querem estar sendo vistos. orkut, twitter, facebook, vimeo, youtube. de alguma forma não se pode mais passar sem ser notado. mas qual o problema? o problema é que para ser notado precisa-se realizar alguns feitos. porém de acordo com o nosso padrão de início de século, o nível é bem raso. intelectualmente, financeiramente, socialmente, ou o que mais quer que sejamente. presenciamos diariamente o sub-celebridadismo, ou o alpinismo social dos anos já passados. só que o alpinismo social levava tempo, e aqui não faço o elogio aos escaladores de k2 vestidos de paetês como aos nosso babacas de outrora. as nanas gouveias e lumas de oliveiras de nossas infâncias demoraram alguns anos para se tornarem o bolo disforme que são hoje. lembremos até da xuxa, até pra ela não foi fácil apagar o passado. hoje poucos lembram do homem de três corações e de seus amores estranhos amores. pode ser que entre os que praticam o trolling - outra categoria olímpica de nossos tempos - há essa lembrança de passado negro, mas no mass media não. onde rola grana não rola história. e nesse mar bravio não há bóias para a crítica. mas aqui façamos um exercício excêntrico.

quando eu era mais moleque sonhava em sair de noite e chegar de manhã em casa. bêbado. bem, bêbado não, essa vontade veio depois e de certa forma ainda existe. mas aproveitar a noite sempre foi uma vontade, e ainda é, de todo homo sapiens na puberdade. mas não sei por que o meu filtro crítico não diluiu com o álcool. não sei se foi a tardia entrada no mundo da drogas e na igualmente rápida saída delas, mas algo sempre me intrigou e de certo modo me incomodou ao vagar pela noite. vamos lá, bebo ainda, com vontade e não com sofregidão como muitos por aí fazem - trocando a hora de durmir por um nome em "lista amiga" da festa que bombará no próximo fim de semana - para serem vistos como o doidão ou doidona da turma. fumei maconha, sim, fumei, mas a idéia de dar uma simples tragada e virar um vegetal que não interage por 2 horas me fez abandonar o proto-vício. há também alguma sofreguidão para aqueles que se escondem atrás de portas de banheiro e de muros mijados para efetuarem o supra-culto carburativo da imoralidade juvenil. de certa forma não condeno mais uma vez os deflagrantes, já que por leis opulosas não podem exercer seus atos de fé. porém não deixo de achar estúpida a idéia de se sentir trasngressor de algo quando o orgulho desaba na primeira dura. e essa arte bossal de estragar o corpo para feitos de micro-mitologia da patota é igualmente infantil como a reconstrução de um hímem para o carnaval. é mais ou menos como um copo que quebra e ninguém sabia que ele podia quebrar.

das tristes moças que hoje rebolam em programas de tv às pseudo- alternativas que se exibem em twitcams, possuem todas o mesmo fim e mesma razão. e claro, imbuídas de conteúdos débeis. não se condena aqui ou se aplicam penitências, mas vamos lá, escutem um pouco de críticas. tudo bem se vocês querem estar com os mais novos artilheiros da rodada da próxima quarta, mas lembrem-se que das páginas sociais para as policiais é um milimétrico passo. e não é pelos acontecimentos extremos dos últimos tempos que digo isso, mas já todos vimos o filme antes. sem pensão, sem glamour, sem uns dentes. as musas de álbuns de flickr vão pelo mesmo caminho. meninas, não é a primeira vez e nem a última que alguém faz um "ensaio sensual" dark-alternative-smoking-cigarettes. sejam razoáveis. se querem fazer sexo com seus namorados tudo bem, mas não insinuem que todos querem ver isso. nós somos vouyers por vontade própria e não por memes. se querem pegar "minas" na balada o façam por que gostam e não para aparecem no site de fotos descoladas do seu colega gay tatuado da PUC ou daFAAP. é sabido tudo isso. é efêmero, curto e passageiro até o motorista que conduz esse ônibus "mutcho crazy". mas pobres coitadas elas são ao acharem que todos concordam e aplaudem seus atos.

assim como as bandas que "tocam" "roque" e se vestem iguais. como não sou juiz de direito e nem quero o ser, não condeno o estilo, já que música é parte de uma cultura, e toda cultura tem seus ritos. mas quando os ritos se transformam em risos, há de ter alguém que possa dar aquele toque maneiro e dizer "camarada, você já se olhou no espelho?". a mesma crítica que vale para a vestimenta vale para a música. ok, vocês fazem meninas de 14 anos de classe média que xingam suas famílias na hora da janta chorarem em seus shows, mas querer um prêmio por usar auto-tune é uma brincadeira de mal gosto, e severamente pior do que o playback das divas teens do começo de vosso mesmo século. tudo bem, são o minutos de fama de vocês. aproveitem é lógico. mas tudo isso será passageiro e quando vocês crescerem em uns 3 ou 4 anos se odiarão. apesar do dinheiro que poderiam ter ganho, já que o empresário/produtor/twitteiro que descobriu vocês ficou com 80% de tudo, apenas irão se contentar em ter descabaçado algumas pobres meninas do interior de são paulo.

as novas m(ed)usas do cancioneiro popular da classe média urbana também fazem parte do bolo solado que é nossa admirável nova época. meninas(?), sei que vocês querem expressar seus sentimentos, mas aqui peço que façam de uma forma inteligível e não por sílabas inventadas na hora final de mixagens ou em lapsos de criatividade. são músicas bem cantadas e bem arranjadas, dou o braço a torcer quanto a isso, mas não insultem a inteligência de quem infelizmente perpassa por suas músicas no rádio. se forem criar novas línguas para comunicarem suas angústias, somente as usem entre vocês mesmas, em suas coberturas no posto 8 e viagens para o marrocos. e também aprendam a plagiarem menos umas às outras não só nas músicas, mas também nas atitudes. se vocês desgostam de algo por pura e simples vontade de aparecer, saibam que há um longo caminho para que alguém as defenda e não as ridicularize em notas de colunistas bigodudos mal resolvidos.

é sabido que para sempre irão crescer os famosos da hora - ou dos tópicos da hora. as meninas do mais novo vídeo. as mulheres-adjetivos. os mais novos grupos de "rock". as cantoras de mpb que dão em árvores e assim sucessivamente. não tenho nada contra quem pratica tais esdrúxulos ofícios, mas também não encorajo o ato imbecil gritando para os suicidas da dignidade se jogarem do alto das "hashtags". sei que existem e nunca vão deixar de existir essas formas baratas de exposição, mas não bato palma a cada novo F5 de manchete de jornal. me parece que ao avançarmos estamos regredindo. aos anos 80 quem sabe. são estranhas as semelhanças que infelizmente se fazem aparecer. bandas de calça apertadas, maquiadas e com músicas grudentas. mulheres sendo fotografadas e se expondo sem pudor - e aqui não condeno militarmente a vontade de se exporem, mas a razão pueril pela qual as fazem - e torcendo por isso. um exército de zumbis consumidores de brizola que vagam pela noite bebendo vodka paraguaia achando que é absolut e musas de rádios de seguradoras que dão pitis em prêmios de música de operadoras de celular. mas aqui devo lembrar-los: ninguém quando bebe, pára e pensa na ressaca. se esquecem de que um dia irão todos virar cacos de respeito humano, engrenagems falidas de uma sociedade de consumo que requer reciclagem em suas linhas de entretenimento. e isso rapaziada ,é só um toque maneiro, leve e jocoso.

pode ser que eu esteja errado, mas continuo a guerra contra estupidez.

domingo, 29 de agosto de 2010

softboring

isso não vai agradar a muitos. mas não vou ser politicamente correto. tem uma coisa que me incomoda há muito tempo. não sei explicar direito sem ser grosso: filmes de sacanagem sem sacanagem. softcore movies. é isso. aqueles filmes que passam na madrugada na tv a cabo e que servem - ou pelo menos serviam - de diversão para o 'homo desocupadus'. quando eu era moleque era o máximo assistir esses filmes. ficar acordado até de madrugada e ver mulher pelada se mexendo, bem diferente das playboys onde as moças estavam paradas, em poses que hoje me parecem forçadas demais.

um pré-adolescente normal - e aqui enfatizo o meu lado da fronteira, já que de meninas pouco entendo, e pouco entenderei - cresce pensando em sexo. ele come pensando em sexo. ele faz dever de casa pensando em sexo. ele vê aquela professora do colégio como sua musa inspiradora do banheiro das 3 da tarde. ele acha qualquer mulher bonita, não porque realmente elas não sejam, mas é da natureza do pré-adolescente achar isso. eu cresci no período embrionário da internet que se conhece hoje. conexão discada no fim de semana e dividindo um computador com os demais da casa. eu sempre soube me virar sem ela, mas não a dispenso. ver mulher pelada sem internet nunca foi problema para mim, já que desde que o homem se pensou homem todos mordemos a maçã diariamente. o problema que eu tenho é quando a mulher pelada tem que ser pelada de um jeito. quando o sexo tem que ser feito de uma maneira. com uma etiqueta. e é essa linha que é perigosa.

a etiqueta do sexo. o politicamente correto entre quatro paredes. o absurdo que é negar o jeito normal - os politicamente corretos e higienicamente sãos diriam a palavra "sujo" - de como se concebe a vida. é isso mesmo, pode não parecer bonito, para os padrões sacro-mediterrâneos que a civilização desse lado do planeta foi fundada, que o sexo é uma coisa que depende de quem faz, ou seja, depende de escolhas. ou treja, livre-arbítrio, nessa peguei vocês. e como todos sabem, preferência e opinião são que nem cu, cada um tem o seu e dá quando quiser. mas não é de frase feita que a raiva aqui é direcionada.

o que me irrita hoje nessa pornografia leve - pra citar o nome enciclopédico - é a negação de tudo que está em volta. temos internet em velocidade suficiente para ver filmes de sexo instantaneamente, coisa que nossos "pecaminosos" pais precisavam fazer com cuidado, indo em áreas especiais de locadoras e em certo horários, e até combinar com os atendentes para que pudessem não serem vistos. há um imenso pudor mesmo quando se faz um vídeo de duas pessoas fazendo a coisa que mais se faz nesse mundo. há tantos absurdos. o sexo oral - enciclopédia de novo! - onde não se vê nenhum orgão, a posição de quatro onde os dois parecem estar tendo espasmos, pessoas fazendo sexo de roupa, seis mulheres numa orgia se pegando loucamente sem tocarem uma na vagina da outra e desculpe pertubar o sono de quem lê: o casal que goza junto sempre.

mas o homem de família não quer que seu filho aprenda errado com a televisão. vendo filmes de sexo explícito - olha o Diderot aí gente! - pois são nocivos à saúde dele. ele prefere esses filmes, em horários "afastados". mas o nosso family man continua deixando ele ver o jornal das 8 e aprender a odiar tudo aquilo que é diferente, o programa policial do homem que faz propaganda velada do fascismo, a novela das 10 onde ele deve chorar com as agruras de uma familía de classe média alta, o desenho colorido que mostra que o bem sempre vence, a mini-série em homenagem a grandes políticos mortos, que quando entraram no caixão viraram honestos e por aí vai. aí sim ele vai estar sendo educado corretamente. mas sexo. isso não. essa coisa nojenta que nos põem no mundo.

são poucos os momentos que o homem de família abre espaço para o corpo. é quando compra o supra-sumo do placebo da punheta: uma playboy de uma "pessoa consagrada". ponha quem quiser aí: marina lima, fernanda young, alessandra negrini, fernanda paes leme e até o exemplo mais novo das peladonas sem tempero, ela a recatada, a intocável, a angelical: cléo pires. e ele vai e mostra pro filho de quão de bom gosto é o ensaio dela, diferente dessas revistas de povão com mulheres escancaradas. cléo pires é a mulher perfeita, ela pode estar servindo o seu jantar, amamentando seus filhos, buscando seu primogênito na escola e ainda sim sabe ser sensual sem ser vulgar! tudo aquilo que um homo mido-classus almeja: uma santa. e acreditando nessa panacéia do "bom sexo" ele proíbe o filho de comprar essas revistas onde não existem atrizes de malhação ou ex-bbbs. revista de mulher-fruta nem pensar!

o sexo é tão alienante para o homem de família que ele não ensina ao seu filho a usar camisinha, pois é dever da escola que ele paga fazer isso. a professora de biologia que o ensine, é dever dela, e AI dela se ensinar mais que isso. ele paga para não ter que se envolver. educação não vem de casa. vem para casa. no boleto para pagar. não interessa a ele como seu filho aprenda, desde que seja da forma correta: sem ele. mas assim que o rebento completar 18 anos às pressas será levado para a diligência, para a casa especial, a gruta da saliência, a morada do pecado. e tudo bancado pelo patriarca. com orgulho virará homem no ritual mais profano de todos. e aprenderá que não é todo dia que se faz sexo. e nem deve ser. pois é um ato raro e só pode ser alcançado se bem planejado e com a pessoa certa. ele não dará valor, mas temerá aquilo que o pôs no mundo e berrará contra todos que achem banal o esporte dos corpos.

e são essas maluquices que me fazem pensar em quão atrasados ainda somos nessa era do progresso da qual tanto nos orgulhamos de pertencer. podemos ler os livros que quisermos com pequenas tabuletas, as músicas que escolhermos em aparelhos do tamanho de caixas de fósforo, a medicina que pudermos pagar em qualquer lugar do planeta, andamos para fora dele quando bem entendermos mas ainda sim somos mal-resolvidos sexualmente. a dita grande dávida do mundo é ainda negada. a vida é negada. nascemos, mas escondemos o fato de que somos gerados. que fazemos sexo. que existe um corpo humano completo. sem censura. que temos pirocas e bucetas. que somos humanos. mutatis mutandis.

pode ser que eu esteja errado, mas cada dia que passa me sinto um alienígena.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

detesto dizer...

...mas eu falei:

http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2010/08/estado-trata-mal-policia-diz-diretor-de-tropa-de-elite-2.html

terça-feira, 20 de julho de 2010

pekar

meu aniversário foi na segunda. nada de especial. até me mexi um pouco mais que no resto dos dias dessa semana e da que passou. fazer aniversário nas férias dá sempre a falsa impressão de que se tem todo o tempo do mundo já que é julho e não tem mais nada pra fazer. mas na segunda até que acordei cedo, coisa que estranhamente o corpo vem forçando a mente a se acostumar, tratei de resolver umas coisas pelo telefone e me despachei pro saara no centro do rio pra comprar agasalho pra ir pra porto alegre. a mesma viagem monótona num ônibus novo e apertado que eu não fazia há um tempo. é incrível o quanto eles estão diminuindo os ônibus esses dias. quanto mais novos mais desconfortáveis. me esqueci de levar algo pra ouvir. desde que o harvey pekar morreu na segunda anterior eu voltei a ouvir jazz. fazia um tempo e o que eu tinha no computador já tinha escutado bastante. e naquela hora eu queria ouvir alguma coisa.

coltrane, duke ellington, horace silver, benny goodman, miles davis. os figurões. desde sábado me encascatei de ouvir mais coisa que não tinha ouvido ainda. eu tinha uma coletânea do ken burns boa. mas ainda faltava alguma coisa. fiquei pesquisando, lendo, procurando, baixando, tudo aquilo que o tempo livre oferece pra fazer. eu tava ainda numa onda meio blue note. pra baixo. essa chuva no fim de semana me desanimou. frustou meus planos. e no meio disso comecei a escutar de novo jazz. eu havia esquecido de quão bom era. só o instrumental e até uma billie holiday talvez. baixei aquele filme sobre o harvey pra saber mais do cara. eu tinha lido um tempão atrás a edição que a conrad fez. achei legal, mas como na época não manjava muito de inglês não fui a fundo. eu sabia que o pekar curtia jazz, até tentei ir atras de alguns artigos dele sobre logo depois, bota aí uns 3 anos. vi o filme e achei bem legal. o paul giamatti normalmente é bastante cretino atuando, mas nesse pareceu perfeito. não dá pra ver outro cara interpretando o pekar. a trilha sonora é muito boa. acompanha o nível ordinário do filme.

vendo o filme e voltando a ouvir jazz qualquer um iria se remeter a uma atmosfera melancólica de sadismo e auto flagelo só por achar que a chuva e o tempo frio faz as pessoas serem piores ou mais tristes. não sei se isso me atingiu em algum momento. acredito que sim. mas me lembrando de tudo que aconteceu não sinto remorso por pekar ter morrido, apesar ter admiração, ou não me senti estranho num dia que eu levei como se fosse normal, apesar da maioria quererem levar um dia tremendamente especial. acho que compartilho com pekar a frustração de não saber desenhar, mas em esses pequenos momentos, ainda que tristes, nos tornam mais humanos. nos mostra quem realmente somos. os nossos limites. harvey, coltrane, ellington, davis, todos eles fazem da arte algo mais real, mais humano, mais tangível. não há super heróis ou super escalas. há apenas música e contos cotidianos. banais. humanos. não há nada de estranho ou anormal. apenas o estritamente costumeiro. e em muitos momentos é isso que me falta.


pode ser que eu esteja errado, mas é normal se sentir errado.

domingo, 4 de julho de 2010

a fina arte de ser babaca

no últimos tempos, a onda da babaquice pedante - e aqui exerço a minha licença poética para o pleonasmo - tem atingido a todos que por um acaso se interessam por assuntos, digamos, mais políticos. não consigo datar por carbono quando começou, mas sei que não durou muito a novidade. aliás, ser babaca quando se fala de política não é tão pós90-neoliberal-psdbista assim. é só lembrar de paulo francis. um senhor babaca. um respeitado babaca. um doutor em babaquice. mas que dizia babaquices que faziam você pensar.

hoje entre mainardis, jabores, azevedos e leitões a babaquice ficou mais que demodé, ficou símia. a direita cínica - como salientou brilhantemente arnaldo branco - que detestávamos porém respeitávamos, perdeu lugar para histeria dos herdeiros dos estupradores do BNDES. aqueles barões da babaquice de antigamente hoje veêm - ou não - esses novatos com graduação na PUC e MBA na FGV gritarem que "odeiam! odeiam! e odeiam!" como se fossem bebês que não gostam de algo que ainda não comeram. ainda que continuem morando nos mesmos apartamentos no jardins e na gávea, falam como se estivessem vendendo o merlot-sauvignon do almoço pra comprar o camembert no jantar. um padrão raso e inadmissível até pro pessoal do terceiro escalão da vecchia scuola dos babacas.

o paulo francis, magno exemplo da babaquice dos bons tempos, era um babaca legal. ele estudava 14 horas por dia pra ser babaca. não trabalhou pra ser babaca. ele escreveu livros babacas. ele mudou de lado pra ser babaca. ele tinha aquela cara inchada de champanhe francês e filet mignon uruguaio pra parecer babaca. ele falava feito um babaca. ele morava em new york pra poder gritar que era babaca na times square. ele viajava para frança pra tomar vinho e causar inveja aos franceses por ser mais babaca que eles. ele fez TUDO pra ser babaca. ele era gabaritado pra ser um grande babaca. você podia olhar e dizer: "que legal, esse cara é babaca e se orgulha disso!". mas hoje não meu amigo, os novos babacas não tem nada disso.

jabor e mainardi - só pra citar os exemplos mais latentes - são babacas por falta de opção. ex-cineastas - acho que podemos pensar em estabelecer um padrão aqui, ou seja, podemos ver em alguns anos o josé padilha perfilando na istoé suas idiossincrasias - que não conseguiram enganar gente durante muito tempo e hoje apenas chateiam. são caras que a gente pensou um tempo serem bons. eu até gosto de "eu te amo" por causa do peréio, mas não consigo gostar de "mater dei" por causa do cara que parece o tom hanks. eles não são simpáticos e produzem asco até àqueles que são seus ávidos leitores, que por vez ou outra torcem o nariz e até assumem que seus ídolos cruzaram aquela linha "tênue" do estapafúrdio. estão sempre emburrados como se nunca tivessem sido compreendidos, esses pobres coitados, filhos de embaixadores e fundadores do arena. hoje escrevem meia dúzia de palavras chocantes como miséria, estupor, tragédia, estupidez associadas com dilma, stalin, lula, hitler em meia página. denunciam a senhora que limpa a mesa do acessor do gabinete de um vereador roraimense eleito com o mínimo de votos como a integrante de uma quadrilha que é a mais espetacular desde ronald biggs e seu bando.

conseguiram com pouco custo uma coluna aqui, um espaço na tv ali e ajudados pelo padrão informacional da world wide web - aqui por puro saudosimo, imagine o paulo francis pronunciando "www" - conseguiram estar no centro das grandes polêmicas que antigamente demoravam a aparecer. os babacas de antigamente escreviam sete, oito e até dez artigos antes de alguém começar a se importar em replicar. hoje não, a nova babaquice instantaneamente vira a "twitada" de sábado do humorista-jornalístico de voz fina e terno preto e se torna a capa da veja no dia seguinte. antigamente demorava. e era essa demora que fazia a babaquice tão boa. hoje somos inundados por uma avalanche de babaquice toda semana e não conseguimos lembrar da última, o que é até um ponto positivo, uma vez que o nível caiu e nós somos abençoados por não sermos esponjas cerebrais. é um suposto dossiê atrás do outro, denúncias contra ministros, o mais novo esquema no banco central, o mega desvio de dinheiro na receita federal e etc. não que não devam ser noticiados, mas no formato de quase clipping e de páginas de conglomerados de alcunhas de uma letra e um número que se atualizam a cada 2 minutos tudo parece ser meio teatral demais e bem "investigado" em tão pouco tempo. surgem aos montes os dossiês dos dossiês do superfaturamento da ração do gato da sobrinha da cunhada da vizinha do porteiro do prédio do quarteirão do lado do prédio do colega de maternal já falecido do senador de minas gerais. e aí a babaquice começa a perder a credibilidade. e olha que ela tinha muita.

vendo hoje, parece fácil ser um babaca. escrever uma coluna falando do medo que traz a máquina governamental usada por dilma roussef na campanha eleitoral é coisa boba. hoje um liberal eloquente que faz editorial no globo mais parece uma esposa de general que enlouquece ao saber que o filho tá fumando maconha, o que nos dias de hoje não é novidade para essas primeiras-damas do conflito bélico, já que o que mais preocupa é pedir pro filho cheirar cocaína só com os amigos brancos. e dentro do condomínio. até a galera babaca old-school que tá meia-bomba na ativa se espanta. como agora acontece de vez em quando, com o fernando henrique tendo que soltar uma pra acalmar os ânimos. os caras da antiga veêm essa galera nova e sabem que se não fosse pela agenda lotada de eventos da opus dei não deixariam esse pessoal novo continuar o latrocínio do pensamento hobbesiano-maquiavélico. todos eles sabem que se a idade não pesasse, as teorias que eles tanto estudaram em sorbonne e oxford não seriam massacradas por esses yuppies ex-bolsistas da ivy legue.

a babaquice não se modernizou, mas pelo contrário involuiu. a imagem que o arnaldo branco me fez perpetuar do reinaldo azevedo de tinta na cara que nem o rambo entrando no palácio do planalto com uma uzi me faz ter saudade do tempo que a gente não sabia qual era mais legal, imitar a voz do paulo francis ou a do silvio santos. onde foi que erramos ao deixar esses babacas vestidos com ricardos almeida começarem a tomar o lugar dos nossos babacas de ternos feitos por anciões italianos que viviam enclausurados em lojas de becos de milão? quando foi que escutar alguém imitar o silvio santos ficou tão chato como ver uma denúncia contra um ministro? quando foi que um vídeo de youtube substituiu uma folha inteira do globo escrita por um cardeal bicentenário? e pelo amor de qualquer coisa, quando foi que começaram a achar os irmãos caruso engraçados???!!!

pode ser que eu esteja errado, mas hoje os babacas somos nós.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

free at charge?

eu costumo diariamente visitar esses blogs engraçados. aqueles com montagens de cachorros, gráficos engraçados, piadas de humor negro, animações em flash absurdas, informações esdrúxulas e etc. mas atrás do véu da risada, há algo de podre na "blogosfera". são todos muito ácidos, porém críticos. muito engraçados, porém informativos. são todos querendo ser o próximo kibeloco. posts atrás de post, os "blogueiros" estão doidos para entrarem em uma agência do nizan ou serem roteiristas de algum programa da globo. todos querendo ser tudo que o kibeloco atingiu, e diga-se de passagem, kibeloco que eu parei de visistar há mais de um ano, motivado pela falta de tato e o humor de mão-única do autor - leia-se flamenguismo e apontamentos direitóides. mas ele tem o direito de postar o que quiser e eu tenho o direito de não visitar quando der na telha.

os funestos caminhos por quais caminham os blogs .com.br não são aqui o principal alvo da crítica. o maior problema deles para mim não é a receita gerada ou os sonhos megalomaníacos de seus donos, mas os meios para realizarem suas contas e cargos. o meu problema com esses blogs que eu visito diariamente é justamente a atualização deles - ou melhor, a falta - e a repetição de conteúdo, aquele famoso "via blog do cicrano". ora, porque eu deveria reclamar de atualização? justo eu que em um ano e meio de blog atualizo a cada solstício? bom, ninguém aqui vê uma publicidade do google ou muito menos um banner do submarino. daí ninguém pode me cobrar, se é que alguém lê isso aqui. porém me irrito profundamente quando esses caras que ganham dinheiro a cada visita reclamam quando seus visitantes cobram por atualizações ou no mínimo pedem para não copiarem as mesmas coisas de outros blogs. porque a partir do momento em que você ganha dinheiro com o seu site e o seu fluxo de caixa depende dos visitantes dele, você tem que "agradar ao consumidor". e isso depende inteiramente de como você maneja o seu blog. na maioria dos casos as pessoas não querem uma promoção da gilette ou saber o novo sabor de tang. apenas querem rir. e a sua nova fonte de renda tem impedido isso.

não repito aqui um discurso de reclamador de procon, mas preciso a todo momento achar um sentido em ser alvo de campanhas publicitárias enquanto vejo de graça - bem, nem tão de graça assim - montagens de cachorros com drogas. e a contrapartida disso, uma vez que enquanto dou meus cliques, a conta de paypal do garotão que traveste comercial da kibon em informação de utilidade pública só aumenta. não peço aqui transparência aos afortunados donos de blogs que geram receita, mas peço coerência com o seu "público-alvo", nós os visitantes e "consumidores" dos seus posts, que ainda que sejam extremamente engraçados servem para pagar o aluguel dos bons apartamentos de vocês, os nossos novos web-publicitários.

pode ser que eu esteja errado, mas blog é um diário. e quando você abre e cobra para lerem o seu, é bom que você escreva bem.

domingo, 30 de maio de 2010

cock the vote.

ano de eleições. mais um. e não vai ser o último. e daí saem as piores e melhores conclusões acerca do litígio. votar em quem, porque votar, votar pra que? como anarquista, não acredito em eleições e nunca votei. desde os 16 anos. não sou patriota, não quero um governo bom, não confio em políticos, não quero escolher o futuro do país. mas acho interessante, e no mínimo antropológico, como a "corrida presidencial" é feita.

"concorrendo" - nada me afasta da absurda imagem de um ringue quando escrevo isso- de um lado o time do pessoal do estupra, mas não mata, e sabe que se puder esconder o estupro e trazer o estuprado pra ser cabo eleitoral vai estar seguindo a risca o planejamento. do outro lado o pessoal do estupra, mata, queima, e estupra de novo, que não negam nem afirmam terem matado, mas teêm como estratégia básica meter o dedo na cara e dizer que são os outros que estupram e matam, não eles. e no lado mais fraco, o pessoal do nunca estupramos, mas sabemos seduzir bem, que tem os enfadonhos "defensores" da democracia como suporte, mas assim que um dos outros dois lados ganhar - ou voltarem estuprar, como preferir - vão procurar os carguinhos - ou as bundinhas, como preferir - que sobrarem.

essa tragicomédia da vida pública, a via-crucis da democracia burguesa, é cretinamente - e porque seria diferente? - argumentada e dirigida pelos meios de comunicação, e óbvia e ululantemente pelos donos dos mesmo. no ar a grande "luta-de-classes". entre a veja dos chiliquentos e a carta capital dos sensitivos. os primeiros que trocaram o cinismo - uma vez inteligente - pela grosseria animalesca bancada pelos mecenas da opus dei, e os últimos pararam de procurar a corrupção para se fazerem de esquecidos e defensores do desenvolvimento do país quando não mais querem largar o dinheiro das estatais.

entre acordos de paz, entrevistas de rádios, comícios para o povo e reuniões com empresários a tal coisa da eleição vai desenvolvendo o seu manto funesto. e você que acredita em estado, governo e políticos, continua assistindo. até porque o big brother 11 só começa em março.

pode ser que eu esteja errado, mas pra mim eleição é pirão que empelota de propósito.

domingo, 4 de abril de 2010

livros.

às vezes lendo tenho uma relação de amor e ódio com os meus autores favoritos. e essa semana não foi diferente. depois de ficar lendo e relendo albert camus por um mês, compro um livro do herman hesse. "narciso e goldmund". fazia tempo que eu tava pra ler esse livro. mas como já disse, ele sempre me começa aborrecendo. e ele me aborrece desde o "lobo da estepe".

não vou contar o livro todo, mas o começo me é irritante por demais. terminei ele meio exausto mas gostei do livro. é chato no começo porque realmente mostra a histeria religiosa de goldmund, um dos personagens principais. e é bem escrito porque eu fiquei com muita raiva disso. o cara desmaia uma hora de nervoso porque achar que cometeu o maior dos pecados e quer morrer. eu quase fechei o livro de tanta raiva, mas esperei uma meia hora e refleti que era apenas ficção. e a reviravolta é sensacional.

e bons livros são feitos de contradições entre quem escreveu e quem lê . não dá pra ter um livro perfeito. e muito menos um livro que você não torça a cara entre uma virada de página e outra. nem aqueles que você escreve mentalmente.

pode ser que eu esteja errado, mas alguns livros ruins são bons.

sábado, 20 de março de 2010

o imperrador

pode pensar o que quiser. que sou alvinegro, que não gosto de flamenguista, que não tenho um jogador como ele no meu time, que sou recalcado. pense qualquer coisa. mas, o adriano representa tudo o que está de errado no futebol. a grande verdade é essa. não há como negar que é essa.

o adriano representa o futebol moderno, o futebol da máscara, o futebol bruto, o futebol da força. o futebol da imbecilidade. e imbecilidade coroada, que fique bem frisado. o futebol dos jogadores troculentos que em nada lembra um esporte bem jogado. representa o futebol dos privilégios, o futebol sem pé algum no chão. o futebol que forma batalhões de descerebrados. robinhos, neymares, adrianos, ronaldinhos gaúchos.

o futebol que há muito tempo acaba com a alegria de ver futebol e mais que isso, se faz sintese do anti-espetáculo. enterra de vez os ídolos que anos atrás elegemos. consegue ser frio, calculista e passar a noção que tudo se faz por dinheiro e não pelo gol. é o futebol protegido, blindado, omisso. futebol com salários estratosféricos e jogo emperrado. até que o povo decida que esse não é futebol de verdade, será tarde demais. ele estará nas galerias de museus e em parcas memórias de muitos poucos.

pode ser que eu esteja errado, mas o futebol de adriano é morto.

domingo, 14 de março de 2010

Indyotas

já se começa errado quando se considera esporte uma pessoa dirigir a 300 km/h entre duas banheiras de combústivel sólido. e ainda mais errado quando se quer mostrar que isso é a grande atração de domingo do ano. em um ano que mal começa e num dia que mal se quer que acabe.

mas temos que agradecer à rede bandeirantes por dedicar durante toda semana(e também nas anteriores) metade da duração do seu "tele-jornal" mais importante contando mentiras e simulando a realidade para dentro de nossas imbecis mentes. já que nós não temos nada mais a fazer do que reverenciar a alta tecnologia das corridas e não temos tempo para pensar na crise energética que está por vir. crise que é fruto da nossa emoção por velocidade.

não beirou ao ridículo, foi muito mais do que isso, apenas se caiu no eterno precipício da ignorância e da irrealidade cotidianas, onde nos enfiam pela garganta as melhores verdades e mais "interessantes" programações da tv mundial. mas esqueça, é a sp indy 300, a maior corrida de automobilismo que você vai ver.

pode ser que eu esteja errado, mas ricardo boechat não passa de um fantoche.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

perdidos.

essa última temporada de lost começou. e eu nunca vi nenhum episódio. nunca me interessei nem um pouco. todo mundo fala que é bom. mas que tem que ver tudo do início. todo mundo fala que é bem bolado. mas demora pra entender. todo mundo diz que, tirando "Friends", é a melhor série que já viu. e julgando pelo fato da enrolação ser a al(r)ma do negócio eu não tenho saco nenhum para ver.

tenho visto milhares de chamadas para comunidade, fóruns, sites, listas de e-mail, blogs e até grupos de discussão psicanalíticos dessa maldita série. pode me chamar de chato, mas já deu pra mim. bem antes de ter começado. é uma histeria coletiva a cada episódio e temporada novos. porque as pessoas não sussegam e assistem pro si só? tem que fazer esse estardalhaço todo?

e o pior é que essa merda vai acabar em pouco tempo. aí eu quero ver o que vagabundo vai arrumar pra fazer.

pode ser que eu esteja errado, mas essa neurose juvenil é coisa de órfão de caverna do dragão. que também era outra merda.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

na alemanha nazista.

às vezes eu tenho a impressão de estar sempre ao contrário de tudo. de ser do contra. de gostar do que ninguém gosta e abominar o que todo mundo curte. eu me sinto como se tivesse na alemanha nazista no começo do 3º reich e dizendo a todos: isso não tá certo. e o pior, é que todo mundo acha que eu sou o maluco.

um estranho numa terra oca. torcer pro time que nenhuma das pessoas acredita e acreditar nas coisas que nenhum time de pessoas torce. não me curvar para a maioria. tomar as minhas próprias decisões. raciocinar bem mais do que a maioria. não fingir que nada acontece. ou que nada aconteceu. e que nada vai acontecer de novo.

e estar errado o tempo todo não me faz mudar de idéia. a ideia de resignar e aceitar não é de forma alguma uma opção para mim. bem, há certos casos de se resignar. mas não por cansaço, mas pela força dos fatos. mas não lavo minhas mãos como pôncio pilatos.

pode ser que eu esteja errado mas um dia vão dizer que eu tava certo.

sábado, 30 de janeiro de 2010

mas é carnaval.

esse blog começou há quase um ano, pouco antes do carnaval. e o carnaval, oficialmente, vai começar em duas semanas. mas eu já estou às voltas com as minhas águas de côco e goladas sobrenaturais de água durante a madrugada. espero que o meu alcoolismo supere esse carnaval. porque esse carnaval - assim espero - vai dar merda.

pode ser que eu esteja errado, mas acordar de ressaca e querer uma cerveja é coisa de alcoólatra?

absências

volta e meia me pego pensando em porque sou ateu. e nesses últimos tempos isso tem me feito refletir. grandes pessoas que eu conheço são religiosas. e até demais. gosto delas, mas gostaria ainda mais se fossem atéias ou no mínimo largassem o santo ofício que praticam de forma tão vigorosa - e em grande parte, de forma extremamente tola. e me pego pensando em como pegá-las em uma discussão de forma que não possam escapar dos fatos.

e aí penso, que o grande trunfo dos religiosos ao comentar sobre os ateus surge a partir do motivo pelo qual viver. nos dizem que não há razão em viver sem acreditar em um deus, em algo maior, em uma inteligência superior, em algo que não se explica e portanto apenas se acredita, pura e simploriamente. e que se não acredita em deus, então tudo é permitido e não há moral. somos condenados por nós mesmos. os que abandonaram deus.

até aí a pura ficção é boa, de assustar crianças e por a maioria dos "adultos" afogados em dúvidas. aí me peguei pensando o contrário. com deus, não há razão. mas mais que isso, com deus não há motivo para viver. porque não há? porque continuar vivendo e acreditando que NADA que eu faça é por minha causa. que NADA que eu já fiz e vou fazer fui eu quem pensou em fazer. que NADA é minha culpa? isso sim é pesado de aguentar. ser nada e deus tudo. que merda de mundo vivemos.

e por isso não consigo acreditar nisso, em um deus, em algo que não se explica e ponto. há diversas coisas que não se explicam, mas é porque não achamos uma explicação para elas. mas deus, não se explica porque é irracional. como disse o bendito professor copélio - que tive o prazer de conhecer hoje - do alto dos seus 81 anos, deus é sentimento. não é verdade. é um mecanismo de emoções, não algo real. e quem acredita em deus como algo real, devia ver a insatisfação do professor copélio, que de longe é a mais sincera e doce que eu já vi.

pode ser que eu esteja errado, mas motivos se há para viver e não para crer.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

postando

eu demoro um mês pra escrever 3 parágrafos aqui e quando escrevo só imagino 3 pessoas lendo.

pode ser que eu esteja errado, mas porque eu ainda me importo?

ser ateu

é fácil de explicar. assim, eu cometo os meus erros e acerto quando mando bem. não é arbitrário e nem vontade de algo que eu nunca vi e nem vou ver. é tudo consequência do que eu faço.

fui ao banheiro porque quis. viu? eu tiro "deus" da sentença. eu passei no vestibular porque eu quis. eu atravessei a rua porque eu quis. eu escrevi isso tudo porque eu quis. viu? sem "deus" na frase. e tirando ele fica tudo mais claro.

e depois de ler isso, você acreditaria nos fatos ou se acovardaria e voltaria a rezar e pedir que minha alma queime no inferno? se sim, então tá comprovado: é mais fácil ser burro do que encarar a realidade.

pode ser que eu esteja errado, mas ainda tem gente que é religiosa?