domingo, 24 de abril de 2011

marcha lenta

tentaria ser mais produtivo se não fosse o tempo que me falta, justamente por falta de uso. não invoco aqui leis da física ou teorias sobre tecituras. apenas não aproveito bem meu tempo. sei disso. é um fato. gostaria que ele não se consolidasse com tanta frequência. queria não entregar as coisas em cima da hora ou no mínimo com tanto atraso. não culpo aqui minha agenda cheia, mas culpo a mim mesmo. não sei se me faço entender.

me falta tempo porque me falta saco. não consigo seguir uma rotina. acordo cedo tranquilamente, mas com certeza não me verão fazer nada produtivo antes das 10 da manhã. posso em um dia provar a exceção da regra, mas não irá durar uma semana. não sei se posso chamar de preguiça, mas acredito em grande parte ter uma inoperância aguda para as urgências cotidianas. me dê um prazo e nunca vou cumpri-lo. se te falar em datas, estenda-as, há um fuso diferente.

isso tudo atrapalha e ajuda. o porque não sei. talvez até saiba, mas no final preciso ser preguiçoso. sou assim como dizia o desgastado milton santos, um "homem lento". aquele que demora para pensar, para fazer, para executar. e ainda vou ao contrário do que o magistral(sic) acadêmico concluiu: não faço as coisas melhores por isso. não chego a ser um con-artist no sentido mais preciso. talvez possa vir a ser, mas dá muita preguiça. aí que reside o ponto principal da prosa.

adoraria levantar todos os dias e fazer tudo antes do tempo, tudo dentro do programa, tudo sem atraso e tudo sem demora. mas sabe, as coisas não funcionam do jeito que queremos, mas do nosso jeito. difícil entender o quadro torto que aqui se pinta? sim, mais um sintoma da minha falta de saco que se traveste de "capacidade". "mas você está desperdiçando talento!" já me disseram. e pergunto: "qual? o meu? lógico que não." talento nada mais é que uma barra de chocolate ruim com confeitos que a fazem pior. não há como o meu motor intelectual e biológico trabalhar em sua capacidade máxima. não há aceleração suficiente porque entre a marcha do "tenho que fazer essa coisa..." para o "isso tem que estar pronto!" tem a do "vou fazer sem pressa, talvez amanhã".

mas apesar do andar asôfrego da carruagem, acho que no final do dia - ou das coisas - me saio bem. não invoco, repito aqui, uma ode ao ócio criativo - até porque ele só existe para vender livro de sociólogo maçom - mas assumo as "falhas" de ser esse carro que olha a ladeira e inventa de engasgar. não fujo às responsabilidades, apenas estendo seus limites. nunca deixei de fazer algo importante por preguiça, mas já esqueci bastante por inoperância. confesso aqui diante do tribunal vazio, mas também pergunto ao juiz qual parte do dia ele também não se cansa de tudo?

pode ser que eu esteja errado, mas as coisas dão seu jeito.