quinta-feira, 6 de outubro de 2011

a espécie estúpida.

que todos nós estamos na era da informação é óbvio. Dirão, mais ainda que estamos na era da opinião. e, mais a frente ainda será dito que estamos na era da conexão. sim, ok, todas alternativas anteriores são válidas, mas a expressão menos dita é a da era da exposição. “oba, mais uma tese”. não, não. uma constatação. sombria, aliás.

nunca antes na história da humanidade viu-se multiplicar as opiniões imbecis, ou segundo a cartilha troglodita de eufemismos, politicamente incorretas. a raça estúpida ou espécie imbecil – que, note bem, nada tem nessa crítica a ver com eugenismos – se prolifera na medida que as conexões e comunicações avançam. quanto mais tecnologia temos, mais idiotas estão a usando. então os idiotas nascem da tecnologia? não. eles estão apenas a usando, coisa que não faziam antes.

se algum engraçadinho cheio de boas intenções – assim como no inferno está cheio delas – resolvesse abrir sua boca, o filtro crítico social o limaria na primeira instância e o provavelmente o submeteria ao ostracismo e/ou obliteração. mas na nossa interconectividade digital o placebo se torna real e o magno bossal é idealizado, por outros bossais, até a última gota de ignorância. tudo por conta da tecnologia e a sua democratização. sim amigo, a democracia tem seus problemas.

ainda que pensemos, que a democratização do acesso à tecnologia seja feito de forma desigual – levando em conta as escalas de centro-periferia - ela é feita de forma total em áreas que existem pessoas com acesso digital à informação – lê-se: um computador e um provedor - sejam elas sadias ou imbecis. e não é por conta da falta de filtro, mas por conta da fácil acessibilidade do meio digital que somos inundados pelas opiniões mais preenchidas de desatinos nunca antes vistas .

o bravo mundo novo dá acesso democrático à informação – se você pode pagar, é lógico que pode passar pelas ruas digitais gritando seu nome – e não filtra a parcela debilitada de auto-crítica que acessa. não cria guetos, pelo contrário, erige grandes avenidas para a veiculação de obras homéricas de ignorância cavalar, demência coletiva e complacência com o pior dos mundos.

casos de humoristas dotados de soberba e perda de humanidade não são os primeiros, e para perturbar mais uma vez o seu sono, não serão os últimos. ainda que não se faça – e não deve ser feita - uma seleção psicotécnica para os usuários da grande rede, já que de censura estamos satisfeitos e não queiramos viver como nossos pais, cabe a nós, parte sadia que resta dos usuários da comunicação remota, termos o nosso próprio filtro crítico, sabendo separar os loucos que professam a demência dos sãos que provocam a dúvida.

e o primeiro passo, dos doze, é justamente a análise. ainda que estejamos numa piscina de informações por conta da velocidade de nossas conexões, eleger ídolos de ascensão meteórica não é a indicação mais inteligente a se fazer. nos enganamos, mais uma vez por conta da velocidade, ao sabotar nossas críticas ao macro-senso comum. um exemplo vívido: alemanha, 1933. não que a comparação aqui esteja ultrapassando os limites - como o alvo da crítica – ao pôr reles comediantes no mesmo patamar de déspotas insanos, mas um conselho bom: no mar de certezas, é sempre bom ter dúvidas.

pode ser que eu esteja errado, mas torço para essa extinção.

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